Hierarquia do Espaço Turístico

Introdução

Neste trabalho, apresentaremos a hierarquia do espaço turístico e verificaremos que, por meio desta, é possível conhecer e reconhecer ferramentas e raciocínios que contribuem tanto para a organização de viagens quanto para o planeamento do espaço turístico. A importância da compreensão da hierarquia do espaço geográfico e turístico será enfatizada. A cartografia como representação do espaço oferece ao Turismo aplicações bastante úteis que serão demonstradas no trabalho. Além disso, destacaremos políticas turísticas de moçambique.
A hierarquização do espaço auxilia sobremaneira o processo de decisões dos planejadores do turismo, pois coloca em rankingas atrações, determinando qual delas merece atenção imediata ou em curto, médio e longo prazo; recebe maior número de visitantes; está sendo subutilizada; entre outros aspetos que interessam para a organização e planeamento do turismo enquanto atividade econômica e mercadológica com preocupação social e ambiental.
O planeamento turístico, pautado pela tomada de decisões, deve ser orientado por informações robustas e de fonte de dados confiáveis. Assim sendo, a avaliação e hierarquização de atrativos turísticos sinaliza para o planeamento da atividade critérios balizadores de uso e divulgação de atrativos.

Historial do Turismo
A palavra “turismo” surgiu no século XIX, porém, a atividade estende suas raízes pela história. Certas formas de turismo existem desde as mais antigas civilizações, mas foi a partir do século XX, e mais precisamente após a Segunda Guerra Mundial, que evoluiu como consequência dos aspetos relacionados à produtividade empresarial, ao poder de compra das pessoas e ao bem-estar resultante da restauração da paz no mundo. (RUSCHMANN, 1997)
Mesmo estando fortemente presente no desenvolvimento de vários países, a questão do turismo muitas vezes não é entendida pela maioria das pessoas, que a entendem ainda somente como deslocamento e viagens. É preciso deixar claro a vitalidade do turismo, quando se discute desenvolvimento econômico, principalmente porque o turismo é uma atividade que gera milhões em divisas, há vários anos, para vários países em todo o mundo.
O turismo iniciou-se no século XVII, quando os primeiros sinais de crescimento industrial começaram a afetar a vida estabelecida há séculos. O aumento da riqueza, a ampliação da classe de comerciantes e a secularização da educação estimularam o interesse por outras culturas e pelo conceito de que viajar era uma forma de educação.
Hermann Schattenhofen, em 1911, dizia que turismo é o conceito que compreende todos os processos, especialmente os econômicos, que se manifestam na chegada, na permanência e na saída do turista a um determinado município, país ou estado.
A revolução Industrial dá novo fôlego ao turismo e foi de fundamental importância no desenvolvimento dessa atividade. Juntamente com a revolução industrial surge uma nova divisão do tempo: o tempo biológico, o tempo de trabalho, o tempo livre e o tempo inoperante. Esta divisão traz grandes implicações na vida de todos os cidadãos, nas formas de utilização do tempo livre e também sobre as viagens turísticas.
Na década de 40, Hunziker e Krapf, citados por Ignara (2003. p.12), definiam turismo como:
[…] o conjunto das inter-relações e dos fenômenos que se produzem como consequências das viagens e das estadas de forasteiros, sempre que delas não resultem um assentamento permanente nem que eles se vinculem a alguma atividade produtiva.
Com a Segunda Guerra, o turismo fica paralisado no mundo todo. Os efeitos da guerra são tão profundos, que somente em 1949, o turismo renasce, então com características crescentes de “turismo de massa”. A partir desse período as atividades turísticas ganham melhor organização nacional em diversos países. Desenvolveram-se os meios de transportes, os equipamentos de hospedagem, as agências de turismo, a infra-estrutura de base, entre outros.
Potencial Turístico De Moçambique

Moçambique tem no turismo um grande potencial para o crescimento do seu produto interno bruto (PIB]).
As praias com águas limpas são apropriadas para a prática de turismo, principalmente as que se encontram muito distantes de centros urbanos, como as da província de Cabo Delgado, com destaque para as ilhas QuirimbasO país tem ainda vários parques nacionais, com destaque para o Parque Nacional da Gorongoza, com as suas infrastruturas reabilitadas e repovoado em certas espécies de animais que já estavam desaparecendo.

O turismo é uma actividade sócio-económica que tem vindo a registar um crescimento acentuado a nível mundial que se equipara a industria automobilística e de petróleo. Tem vindo a proporcionar a diversos países o desenvolvimento sustentado, permitindo que estes aumentem seus ganhos económicos, divulguem sua cultura e contribua para a protecção ambiental dos recursos naturais e culturais.




Moçambique pela sua localização, na costa sul oriental de África, apresenta um enorme potencial para a prática do turismo e igualmente para o desenvolvimento de novos projectos de desenvolvimento turístico. A localização geográfica, o clima, os recursos naturais, a história, a cultura e a hospitalidade fazem deste país um dos que mais potencial apresenta para o desenvolvimento do sector turístico na região da África Austral.




Caracterizado por uma oferta de bush-beach, Moçambique oferece ao visitante diferentes tipos de turismo, a destacar, o turismo de sol e praia, o eco-turismo, o cultural e artístico, o gastronómico, o cientifico, o de natureza, o rural e urbano, o de recreio, o de negócios, de aventura com especial enfoque para o mergulho em áreas de corais, o de saúde, dentre outro que preenchem a numerosa literatura sobre tipos de turismo. Nas suas onze províncias encontram-se diversos atractivos que fazem deste país uma autêntica pérola no Oceano Índico.

Do norte ao sul, do oeste a este encontram-se praias cristalinas; riquezas sub-aquática composta por variadas espécies de animais; corais; ricos achados arqueológicos testemunhando cruzamentos culturais, biodiversidade típica da África Austral, florestas e fauna bravia dos trópicos; cachoeiras, rios e riachos e lagos e lagoas. 

O seu rico e pouco explorado potencial turístico; a estabilidade política e militar, a melhoria acentuada da infra-estrutura básica na maior parte das províncias, o incentivo à promoção deste sector pelas facilidades na política de turismo e de investimento nacional e nos programas de apoio como o Made in Mozambique e o recente crédito para turismo criado pelo Fundo Nacional de Turismo, fazem deste país um excelente ponto para investimentos estrangeiros e locais, com vista a aumentar a oferta de infra-estrutura turística, de apoio ao turismo, com grande enfoque para os transportes turísticos e outros serviços turísticos, como agências de turismo e de viagem que se confinam, actualmente, a capital do país, Maputo.

Em 2010, a escassos quilómetros da fronteira Moçambicana irá acontecer um dos maiores eventos desportivos do mundo, o mundial de futebol, na vizinha África do Sul; este evento pelas suas dimensões requer uma série de condições tanto no país de realização da prova como nos que o rodeiam. Brasil e Portugal e recentemente Angola são países que já passaram e frequentemente passam por esta competição e podem ter Moçambique como seu “campo militar” para preparar os seus treinos para esta competição, pois estes países tem em comum a língua, os traços gastronómicos e culturais.

O papel de Moçambique será fundamental se criar condições para a oferta de infra-estrutura turística e serviços turísticos adequadospara as massas que afluem para assistir o evento. A necessidade de hotéis luxo, com centros de acomodação e treinamento desportivo; de transportes turísticos de qualidade, de serviços de guias e de entretenimento, dentre outros constituem ainda oportunidades para os investidores mais atentos obterem ganhos de suas aplicações através da implementação de projectos turísticos.

Em Moçambique, o turismo de aventura ,nas zonas montanhosas e nos rios e cascatas, o de saúde, águas quentes e termais e o agro-turismo constituem ainda, áreas sem grandes registos de exploração ou investimentos; mostrando-se um mercado viável para novos projectos. Igualmente há toda necessidade de formação de quadros de nível básico e superior que ajudem a adequar a numerosa oferta turística existente e futura às exigências da crescente demanda internacional, regional e local.

Definição De Turismo

O turismo vem ganhando importância mundial devido ao grande impacto que exerce na vida das pessoas e nos seus locais de vivência. O turismo vem incrementando a economia dos mais diversos destinos e, ao mesmo tempo, promovendo consequências sócio espaciais marcantes para tais localidades receptoras, particularmente em áreas de maior fragilidade ambiental ou cultural (ANJOS, 2004).

A busca pela participação da população, o equilíbrio entre a conservação ambiental e cultural, a viabilidade econômica e a justiça social, se apresentam como os novos desafios para o desenvolvimento de propostas para o planeamento do turismo (ANJOS, 2004). Sob estamesma perspetiva, o turismo pode ser considerado um complicador8 do processo de territorialização. Isto se deve ao conflito entre os interesses dos residentes e dos turistas, que apesar de exigirem infra-estrutura básica comum, têm diferentes relações de uso e de
apropriação do espaço.
Para Krippendorf (2000), o turismo promove o encontro de seres humanos que são de línguas, raças, religiões, orientação política e posição econômica muito diferentes, e graças à esta reunião, turistas e residentes conseguem estabelecer um diálogo entre si, compreender a mentalidade do outro. Já para Weinberg (2001) as sociedades do mundo funcionam como sistemas intercomunicantes e, a comparação dos patrimônios, pelo turismo, é regra.

Aprende-se a toda hora neste confronto; nestas circunstâncias, nossas próprias mazelas são vistas com clareza cruel. Sob esta mesma perspetiva, Paiva (1995) sugere que o turismo deve converter-se num meio de integração, renovação, convívio, e porque não dizer num mecanismo de transformação da sociedade. Deriva daí o prognóstico de que o turismo carrega em sua bagagem uma bomba-relógio que abala em especial os regimes rígidos, fechados, autoritários e soberbos (WEINBERG, 2001).

Hierarquia

Hierarquia é a ordenada distribuição dos poderes com subordinação sucessiva de uns aos outros, é uma série contínua de graus ou escalões, em ordem crescente ou decrescente, podendo-se estabelecer tanto uma hierarquia social, uma hierarquia urbana, militar, eclesiástica etc.
A hierarquia é uma ordenação contínua de autoridades que estabelece os níveis de poder e importância, de forma que a posição inferior é sempre subordinada às posições superiores.
Originalmente o termo hierarquia possuía um significado religioso, onde a organização social das igrejas levou à formação de hierarquias cuja graduação era intangível por derivar da autoridade transcendental de cada camada social. Esse sentido religioso perdeu-se nas demais estruturas hierarquizadas, mas nelas sobreviveram a rigidez da graduação e a observância estrita das atribuições de cada autoridade.

Definição de espaços públicos

Os espaços públicos de uma cidade são lugares onde se contrapõem distintas maneiras deviver, onde a cidadania e o convívio social estão bem caracterizados. O intercâmbiodiscursivo de posições racionais sobre problemas de interesse geral permite identificar umaopinião pública. Essa publicidade é um meio de pressão à disposição dos cidadãos para conter o poder do Estado. É também nos espaços públicos que as diferenças sociais e os conflitosgerados a partir delas são revelados. Na cidade contemporânea, esses espaços vêm sendoreduzidos cada vez mais a espaços de passagem, principalmente nos grandes centros.

Sob essa lógica, pode-se considerar que alguns espaços são públicos, mesmo quando o seu uso é restrito; é o caso dos locais (normalmente cobertos) que impõem trajes e comportamentos, ou são arrendados. E ainda, que alguns espaços são privados, mas de uso coletivo, como no caso dos shoppings centers, supermercados, galerias de comércio, dentre outros. As diferenças entre os espaços públicos são inúmeras; vão desde as suas dimensões, à sua localização, ao seu entorno, funções e atividades. Um espaço público pode ser generalizado como um local onde todos os cidadãos são livres, iguais, e submetidos apenas às leis do Estado. Os espaços públicos têm outros sentidos, enquanto possibilidades de apropriações múltiplas, funcionando como lugar de encontros e desencontros, assim como de lugar da comunicação, do diálogo, de morar, de namorar, de se expor, de conversar e de reivindicar. Nesses espaços, produz-se uma visibilidade que cria identidades: a identidade que humaniza as relações através de laços de convivência e na sensação do “pertencer” (CARLOS, 2001).

Os espaços públicos urbanos podem ter funções ligadas ao lazer, isto é, podem ser lugares dedinâmica cultural onde o lúdico faça ressaltar um conjunto de expressões ou rituais, sinônimos do direito à cidade e de usufruto de lugares “agradáveis para viver”. Lugares que ofereçam uma grande escolha de atividades e que, ao prolongarem a vida interior, sirvam dereceptáculo de muitas aspirações, por vezes contraditórias, mas onde os cidadãos procurem sempre, mais ou menos conscientemente, vínculos com a sua unidade de vizinhança, com o seu bairro, com a sua cidade. O seu ordenamento é atualmente um dos aspetos vitais para arevitalização e a qualidade de vida no meio urbano. Eles interessam a todas as pessoas, independentemente do tempo livre e do grau de acessibilidades de cada um (LOPES, 2005).

O Conceito De Espaço Turístico

Segundo Santos (1997, pg 71), espaço “é o conjunto de objetos e relações que se realizariam sobre estes objetos; não entre estes especificamente, mas para as quais eles servem de intermediários.” O espaço turístico seria a consequência da presença e distribuição territorial dos atrativos turísticos (matéria-prima do turismo). Este elemento, mais o empreendimento e as infra-estruturas turísticas são suficientes para definir o espaço turístico de qualquer país (BOULLÓN, 2002). Logo, “a melhor forma de determinarmos um espaço turístico é observar a distribuição territorial dos atrativos turísticos e do empreendimento, a fim de detetarmos os agrupamentos e as concentrações que saltam a vista. (BOULLÓN, 2002, pg 80)”.

Boullón (2002, pg 79) afirma, ainda, que “sendo o espaço turístico entrecortado, não se pode recorrer a técnicas de regionalização para proceder a sua delimitação porque, de acordo com elas, seria preciso abranger toda a superfície do país ou da região em estudo, e caso isso fosse feito, grandes superfícies que não são turísticas figurariam como turísticas, cometendo-se um erro. Isso significa que não existem Regiões Turísticas, e sim, espaço turístico”. O espaço geográfico pode ser definido como a superfície da Terra enquanto morada, potencial ou, de fato, do homem, sem o qual tal espaço não poderia sequer ser pensado (CORRÊA, 2004). Ele é construído no processo de desenvolvimento da sociedade, que vai imprimindo no mesmo as suas relações.

Contrapondo Boullón, em 2004, o Governo Federal, através do Ministério do Turismo, lançou o Programa de Regionalização do Turismo. Segundo este, Região Turística seria o Espaço geográfico que apresenta características e potencialidades similares e complementares, capazes de serem articuladas e que definem um território, delimitado para fins de planeamento e gestão. Sendo assim, entende-se que a região turística transpassa os limites geopolíticos pré-estabelecidos no País, isto é, pode ser constituída por municípios de mais de um estado ou mais de um país. Ressalta-se, também, que uma região turística pode contemplar uma ou várias rotas e vários roteiros, e que as rotas podem se constituir um ou mais roteiros turísticos. (MINISTÉRIO DO TURISMO, 2004). 

Para definir um espaço turístico, a pré-definição do espaço geográfico pode ser valiosa, haja vista que aprofunda o estudo em relações que são ou podem vir a ser de uso para o planeamento e a organização da atividade turística. As pessoas (visitantes e turistas) tendem a se interessar cada vez mais pelas histórias antigas e recentes e por informações diferenciadas que provoquem experiências únicas e especiais (conceito de economia da experiência). Um espaço turístico reflete as interações do homem com as viagens e as estruturas necessárias para as mesmas, pois possui sua forma, sua função, sua estrutura e seu processo e, em diversas vezes, em macro escala.

Se houver a análise de que o turismo espacial ou sideral já é um fato, percebe-se que a forma, urbana ou rural, por exemplo, já não será suficiente para caracterizá-lo. Por agora, essa definição de forma do espaço nos basta, poia nelas se diferenciarem práticas de turismo que necessitam de estruturas existentes para se realizarem estruturas e serviços em áreas urbanas e rurais: espaço urbano e espaço rural. O turismo se vale de características do espaço geográfico (urbano ou rural) para seu desenvolvimento e pode contribuir para a reprodução desse espaço, de acordo com as especificidades da atividade turística praticada.

Conforme Boullón (2002), “o espaço turístico é consequência da presença e distribuição territorial dos atrativos turísticos que, não devemos esquecer, são a matéria-prima do Turismo.” Esse elemento do patrimônio turístico, mais o empreendimento e a infraestrutura turística, são suficientes para definir o espaço turístico de qualquer país. Já Rodrigues (2001) defende que o espaço turístico, como todo espaço geográfico, não pode ser concebido por fronteiras euclidianas (exatas e precisas), mesmo porque existem elementos externos, como a demanda.
Como os elementos do espaço turístico são diversos, os instrumentos para o seu planeamento devem contemplar todos com uma visão holística e sistêmica, ou seja, de um processo que recebe influências internas e externas para se apresentar como fenômeno turístico.

Hierarquia do Espaço Turístico

Os Centros Turísticos, os Centros Turísticos de Distribuição e os Complexos Turísticos Entende-se por Centro Turístico, todo conglomerado urbano que conta em seu próprio território ou dentro de seu raio de influência com atrativos turísticos de tipo e hierarquia suficientes para motivar uma viagem turística. (BOULLÓN, 2002, pg 84).
Os centros turísticos só são capazes de gerar desenvolvimento dentro do espaço abrangido pelos atrativos dispersos em seu em torno, com a condição de que seu empreendimento turístico conte com os seguintes serviços: Hospedagem; Alimentação; Entretenimento; Agências de viagens de ação local; Informações turísticas sobre as instalações e os atrativos locais; Comércios turísticos; Postos telefônicos, Correios, telégrafos e telex; Sistema de transporte interno organizado, que conecte o centro aos atrativos turísticos compreendidos em sua área de influência; Conexões com os sistemas de transporte externo em âmbito internacional, nacional, regional ou local, de acordo com a hierarquia do centro. (BOULLÓN, 2002, pg 88).
Para o CONDER, deve-se adotar o conceito de Centro Turístico Integrado, o qual tem duas diretrizes básicas: o meio natural como atração principal e a concentração de turistas sem massificação. Este modelo tem como vantagem, em relação aos concorrentes internacionais, a disponibilidade de grandes espaços que permitem baixa densidade de ocupação.

Zona turística

A zona turística é a maior unidade territorial do espaço turístico de um país. Por convenção, uma zona turística possui no mínimo dez atrativos turísticos localizados próximos uns dos outros. Essa proximidade dependerá do tamanho do território nacional de referência e a zona deverá ter dois ou mais centros turísticos, com equipamentos, serviços, transportes e comunicação entre eles. As grandes zonas podem ser subdivididas em áreas turísticas.

Área turística

A área turística compreende cada uma das partes em que pode ser dividida uma zona, preferencialmente tomando por base suas divisões geográficas naturais. Deve ter um centro turístico, um mínimo de dez atrativos e infraestrutura de transporte e comunicação entre os elementos que a compõem

Centro turístico

É todo conglomerado urbano que conta no próprio território ou dentro do raio de influência, com atrativos turísticos de tipo e hierarquia suficientes para motivar uma viagem turística. A fim de permitir uma viagem de ida e volta no mesmo dia, o raio de influência foi calculado em duas horas de distância e tempo e pode ser dividido em dois tipos: raio de influência teórico (compasso) e raio de influência real. Deve-se considerar, no caso de transporte terrestre, o veículo utilizado − automóvel ou ônibus.
Os serviços ofertados pelo centro turístico devem ser compostos de hospedagem, alimentação, entretenimento, agências de viagem de ação local (operadoras), informação turística, comércio turístico, comunicação (postos telefônicos e de correio), sistema de transporte (deslocamento) interno e conexões com os sistemas de transporte externo (internacional, nacional, regional e local, conforme a hierarquia do centro).
Ele pode viver exclusivamente do Turismo ou não e a sua população é flutuante de 6 habitantes por turista e de até um habitante para cada 7 turistas. Fora dessa margem, o conglomerado urbano passa a ter papel de pólo de desenvolvimento regional, com outras atividades igualmente importantes.

Complexos turísticos

São pouco frequentes, maiores do que um centro e menores do que uma zona ou área. São centros de distribuição que atingem um nível superior de hierarquia pelo tipo de atrativo que oferecem, onde os visitantes permanecem, em média, três dias ou um pouco mais, sem chegar, porém, a permanecer o mesmo número de dias que em um centro de estada. Um complexo deve ter um ou mais centros turísticos. O planeamento de um complexo deve ser cuidadoso, a fim de evitar que venham a competir entre si, pois devem ser trabalhados como uma unidade.

Núcleos turísticos

Os núcleos turísticos são locais que desenvolvem um turismo rudimentar em torno de 2 a 9 atrativos isolados entre si e sem comunicação eficaz com o território. Não podem constituir uma zona, pois não possuem a quantidade de atrativos convencionados como necessários para tal e não dispõem de infraestrutura adequada para o atendimento aos visitantes. A sua situação é sempre transitória, pois a construção de estradas pode transformá-los em conjuntos.

Conjunto turístico

O conjunto turístico é o núcleo que deixa de ser isolado, relacionando-se com o resto do território. A passagem de núcleo a conjunto implica, também, que cada um dos atrativos passe a ter serviços essenciais, como: estacionamento, informação, guias, sanitários, venda de artesanato, curiosidades e até mesmo alojamento, caso o atrativo justificar o investimento.

Unidades turísticas

As unidades turísticas são concentrações menores de equipamentos destinados a explorar, intensivamente, um ou vários atrativos semelhantes. São menores do que os centros de estada porque têm apenas um tipo de atrativo principal, que, geralmente, é visitado por um tipo específico de turista. Porém, são maiores do que os hotéis e resorts, pois têm alojamentos, serviço de alimentação e algumas opções de lazer, geralmente dentro dos próprios hotéis.

Esquema para Compreensão da Hierarquia do Espaço Turístico
Se você partir do centro da figura, observando o espaço geográfico e seguindo as setas, verá as relações com o espaço turístico presentes na nossa aula. Preste atenção:




Política Moçambicana

No nosso país, desde 2003, existe um programa de regionalização do Turismo do Ministério do Turismo, que pensa a organização do espaço turístico em regiões. Em cada região, são aproximados, nesse caso por decisão política, os destinos turísticos, com afinidades para se trabalhar uma ideia turística no planeamento, gestão e promoção.

Conclusão
Em termos gerais, a pesquisa objetivou analisar hierarquia do espaço do turismo, mostrando sua potencialidade para o uso do turismo.
Moçambique tem no turismo um grande potencial para o crescimento do seu produto interno bruto (PIB]). As praias com águas limpas são apropriadas para a prática de turismo, principalmente as que se encontram muito distantes de centros urbanos, como as da província de Cabo Delgado, com destaque para as ilhas Quirimbas. O país tem ainda vários parques nacionais, com destaque para o Parque Nacional da Gorongoza, com as suas infra-struturas reabilitadas e repovoado em certas espécies de animais que já estavam desaparecendo.
Neste sentido, dentre os diversos fatores que desempenham relevante função no uso humano do espaço, Christaller, mencionado por Silva (2001), aponta o turismo como sendo a única atividade econômica que, intrinsecamente, reúne um expressivo potencial de desconcentração espacial, contrariando a tendência à concentração. Logo, “a melhor forma de determinarmos um espaço turístico é observar a distribuição territorial dos atrativos turísticos e do empreendimento, a fim de detetarmos os agrupamentos e as concentrações que saltam a vista. (BOULLÓN, 2002, pg 80)”.

Boullón (2002, pg 79) afirma, ainda, que “sendo o espaço turístico entrecortado, não se pode recorrer a técnicas de regionalização para proceder a sua delimitação porque, de acordo com elas, seria preciso abranger toda a superfície do país ou da região em estudo, e caso isso fosse feito, grandes superfícies que não são turísticas figurariam como turísticas, cometendo-se um erro. Isso significa que não existem Regiões Turísticas, e sim, espaço turístico”.

Bibliografia
Espaço turismo: sistema de turismo - sistur espacodeturismo.blogspot.com
http://www.ub.edu/geocrit/sn/sn-146(144).htm
CARLOS, Ana Fani A. A (Re)produção do Espaço Urbano. São Paulo: Edusp, 1994.

CARLOS, Ana Fani A. “Novas” contradições do espaço. In: DAMIANI, A. L., CARLOS, Ana F. A., SEABRA, O. C. de L. (orgs.). O espaço no fim de século: a nova raridade. São Paulo: Contexto, 2001, pp. 62-74.
BOULLÓN, R. C. Planejamento do espaço turístico. Tradução Joseli Baptista. EDUCS, 2002.
RODRIGUES, A. B. Turismo e espaço: rumo a um conhecimento transdisciplinar. 3. ed.
São Paulo: Hucitec, 2001. SANTOS, M. Técnica, espaço, tempo: globalização e meio técnico-científico informacional. 4. ed. São